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março 31, 2010

Que saudades do meu lango-lango, o que a tia Maricotinha me deu quando o mundo dela era mais mundo...



Queridos amigos, bom dia!

É de se esperar que tenhamos uma noite justa de sono após um show de  falta de bons critérios e hipocrisia da Rede Globo, grande massificadora no Brasil e no mundo? NÃO! NÃO É! Bem em 'caps lock' como o do Bial... Nem a tia Maricotinha, aquela velha amiga que mora no coração e foi a primeira a dizer que "o mundo é feio, mas colorindo fica mais bonito de se ver" se conforma e fica relembrando do tempo em que "o meu mundo era mais mundo"...

Me surpreendeu o discurso do jornalista Pedro Bial esta noite que mostrava, depois de 10 edições do programa, uma vitalidade máxima, o auge de textos vigorosos que, de forma drástica e derradeira se insuflaram contra a diversidade esta noite. Como disse Jean Wyllys (@jeanwyllys_real), tão jornalista e tão brilhante como ele, é difícil reconhecer "honestidade intelectual" naquele discurso inflamado sobre o ganhador (notem que não o considero vencedor desta edição do programa), um lutador, segundo ele. Não o considero nem digno de ser lutador, pois a honestidade a que nos referimos vem através de pequenas atitudes, pequenos gestos diários. Gestos leais como o do vencedor e do vencido, numa batalha, que ele nem é capaz de aceitar e respeitar. Aliás, respeito é uma palavra que ele desconhece...

Através dos tempos, a sociedade brasileira se acostumou aos moldes de uma república velha e decadente, uma senhora república de tetas caidas e insucesso entre outras senhoras democracias mais vigorosas. Mesmo entre as mais fracassadas, a nossa "senhora" é falida: temos um presidente que não sabe nunca de nada, uma revolucionária no comando da casa civil e que agora se sente apta a substituir o atual "chefe em comando". Nisso nossa sociedade resolveu "calar".

É preciso relembrar que não faz muito tempo (foi em 1964) que entramos no mais tenebroso caminho da nossa história: a Ditadura Militar. O sumo do sumo do autoritarismo decadente controlava o país através de medidas e reprimendas, sendo estas válidas para um com forma diferente do outro. Conseguimos finalmente sair do período sombrio clamando por "Diretas" e pensem só: quando pensamos que tudo poderia mudar, o Brasil foi se acabando de Fernando em Fernando, sem falar no anterior, enorme e trágico golpe de sorte de "Sir Ney" e que depois que os "Fernandinhos" ajudaram a afundar esta democracia, o Brasil se virou e disse "Ih, tá mar", até a chegada dos "Companheiros", que depois de bater na trave quatro vezes, conseguiram o que queriam, confundir nossas cabeças. A esquerda se tornou direita, a direita, esquerda. Quem estava no centro se jogou no mar e procurou nadar para as margens desse mar de lama, conhecido mundialmente como Brasil. Fato engraçado é que vivemos apanhando desde 1500, com Cabral. Acho que se ele soubesse a roubada em que se meteu - associar seu nome com essa baderna - ele não pensaria duas vezes, "meteria o pé" rumo às Índias, as verdadeiras, as orientais, e por lá ficaria.

No entanto o que mais me assusta hoje é ver que, depois desse tempo todo, seja o "Descobrimento", seja a "Ditadura", o povo brasileiro ainda não aprendeu a fazer algo simples, que é usar o cérebro de forma coerente. Chega ao impressionante absurdo, comparado com o Teatro do Absurdo de Camus - que perderia como "fichinha" - perto desse grande circo que se tornou a sociedade brasileira. Em tempos de liberdade de expressão, os meios de massa se preocupam durante todo o dia com expor o seu maior "ridículo original" (obrigado, Montenegro, pela inspiração), pior que um enlatado americano, de forma a catequisar, emoldurar a decadência da velha república na nova embalagem, dando-lhe novo roteiro, porém sugando o frescor que lhe é característico.

Nesta noite (de 30 a 31 de março de 2010), deu-se o prêmio de 1,5 milhão de reais do Big Brother Brasil em sua décima edição. Mas o que se pode constatar é uma série de erros de uma sociedade falha e injusta. Não falo isso por ter visto meu candidato ser eliminado barbaramente sem motivos escondidos ou causas aparentíssimas (todos sabem que torci pelo Michel ardorosamente, pois para mim era a pessoa mais íntegra entre dez edições globais), mas pelo fato de ver que as pessoas que refletiam a sociedade dentro de um total foram eliminadas uma a uma, pela aparência sarada, pela brutalidade e pela falsidade discarada e dentro de tudo, só uma face se "safou" na grande finalíssima - aquela que sabia jogar com o bem e com o mal, com o diabólico e com o angelical. Fernanda foi segunda colocada, com grande injustiça. Acho até no fundo que, entre o que tinha-se de opções, foi válido. Mas ainda assim, foi injusto. Foi imputada a ela uma responsabilidade que não conseguiria suportar, um peso de cruz maior que o próprio calvário, mas ela entretanto mostrou uma força tirada sabe-se lá de onde e enfrentou o medo. Foi congratulada, mas ainda assim, injustamente.

Voltemos ao foco: hipocrisia é a palavra tema de nosso encontro aqui hoje. 60% dos votos a um lutador como esse? Qual o sentido que isso dá às vidas daqueles que tanto lutam, matam seus leões diários para se manter ao Sol na sociedade brasileira? Recorde de votos? E sobre os recordes que quebramos todos os dias, fazendo nossas "performances" para sobreviver  às "quedas" enquanto um vai para um confinamento com direito a casa e comida de graça para faturar 1,5 milhão e ainda citar que "só homens homossexuais podem contrair HIV"? E os milhões de pessoas no mundo, que manifestam seus direitos e os tem negados por serem simplesmente considerados "coloridos"? E os outros milhões que se escondem em ternos, sapatos e acessórios altamente masculinizados pois, se expostos, perdem direito a ter direito? Esses recordes não são respondidos, nem pela Rede Globo, nem por mim, nem por Boninho, nem por uma vinculação de um comunicado oficial em rede sobre HIV/AIDS e, nem ainda, por Pedro Bial... E ele parecia tão vigoroso! Só parecia...

Quando Dicésar propondo uma reflexão bradou a quem quisesse ouvir que "o Brasil o calaria", ele não pensou que seu nome estaria estampado na capa de um jornal popular no Rio de Janeiro, mostrando o que é colocar a cara a tapa e o peito aberto ao tiroteio. Mostra desse tiroteio no seu twitter pessoal (@dicesarf), ele mesmo fez questão de publicar, pois ainda acredito que ele não acreditava no que lia, no que rebateria, no que faria dentro e fora da casa. Perdido? Nunca. Ele esteve mais atento ao jogo do que nunca. É, Dorothy... Nem mesmo você seria tão aclamada. Mesmo assim, Dimmy deu um show. Foi macho. Verdadeiramente e declaradamente macho. Como dizem no popular, "chamou pro fight" e não teve medo de mostrar que macho de verdade é aquele que se veste de mulher e encara uma platéia aflito, para viver e não o que ensina a bater. Que maquia todo dia o rosto para matar a sede de curiosidade não nas câmeras, mas 'face-to-face', de muita gente. Que não só maquia o seu, mas o de outrem, para reviver a estima de um tempo perdido muitas vezes ou esconder as imperfeições que seriam apontadas por qualquer pessoa sem senso de ridículo ou de beleza estética... E quantos de nós tem imperfeições que maquiagem não esconde?

E o que será feito dos laços reais daquela casa, da única mostra de desprendimento e amizade pura e sincera que lá nasceu? Lindo foi ver Michel, em sua saída injusta, dizer que "1,5 milhão não paga o que 'ele' teve 'aqui'". Realmente, não paga. Mas ajudaria a compensar tudo que ele enfrentou, por ser judeu, por ser carinhoso com seu semelhante. Por construir uma relação de carinho, respeito e harmonia e, quiçá, de grande amizade com Serginho, que parecia sim perdido, mas também não estava. Ele só era uma fadinha, uma "Sininho" masculina, que aproveitou a chance de ir e tentar ser feliz. Mas o Michel, esse sim é vencedor, lutador, guerreiro fantástico. Assim como Alex, que foi sentido como "rato covarde", apunhalado pelo terceiro colocado que precisava se afirmar. Para que afirmar uma masculinidade que está na pele? Ser macho é ser por convicção própria, não por afirmação externa. Macho que é macho mesmo é leal a seus princípios retos, não os precisa deturpar para vencer e se afirmar ainda mais. Para mim, Alex é outro vencedor.

Porém, o que a Rede Globo mostrou hoje foi a necessidade de deturpar a sociedade, colocar acima do bem e do mal a liberdade de exposição de cada um de nós. Submeter o sociedade ao capricho consumista e à necessidade de resgate de valores ditatoriais, dizendo que é fácil votar, mas não precisa de consciência. Aliás, há anos que ela vem fazendo isso: desde o dia 26 de abril de 1965, datando-lhe a inauguração. E o que mais podemos esperar dela a não ser um show de horrores diário, com raríssimas exceções? Digam-me que estou errado, que falo absurdos, mas pensem se ela não faz pior e ninguém opta por reclamar. Optar? Ops, esqueci que o que a Rede Globo faz é ditatorial, é massivo, é impingente... Desculpe, não quis confundir as inteligências alheias! Ela (Rede Globo) sim, quer isso todos os dias...

É dificil pensar no que fazer agora que o BBB acabou? Claro, pois o que mais milhões de brasileiros inaptos ao direito de escolha farão quando não ouvirem mais a vinheta repetida de dez edições de um programa comprado do exterior, um enlatado tão repetido quanto seus filmes baratos? Não sei. Porém, por quais motivos essa mesma massa desliga a televisão e não assiste aos mesmos programas repetidos, enlatados legitimamente brasileiros, estrelados pelos maiores atores especializados em política desse país, salvas raríssimas exceções? É difícil assistir a esses espetáculos? Mas em que eles são diferentes, o BBB e o Programa Eleitoral? Em nada, quase. Embora o prêmio do segundo seja repartido entre vários participantes muitas vezes.

Gostaria de saber por que não conhecemos ninguém que vai ao paredão receber o perdedor. Será que é por não conseguir encontrar facilmente os figurantes dessa novela-pastelão? Uma novela sem enredo, sem roteiro, sem necessidade de existir, sem autor e sem noção.

Agora, recomendo a todos nós que perdemos nossos preciosos tempos tentando encontrar sentido no entretenimento brasileiro que leiamos nossos manuais de cabeceira e tentemos encontrar solução para esse abismo intelectual e moral da sociedade. Faço minhas as palavras do fim de matéria de Danilo Saraiva do portal Terra (leia a matéria dele na íntegra em No 'BBB' que levantou a bandeira gay, os "machões" venceram), mesmo não concordando em muito com o dito, mas onde ele ressalta que "Caetano Veloso estava certíssimo ao escrever, na letra de Sampa, que 'Narciso acha feio o que não é espelho'. Os narcisos finalmente se viram retratados no reality show mais assistido do Brasil. Dar 'aquela espiadinha' funcionou como terapia. No mundo perfeito da casa do BBB, todo mundo diz o que pensa. Alegria para os dois lados: o da Globo, que conseguiu renovar uma franquia que já estava para lá de gasta, e o da sociedade, que ao contrário do que se pensava, não se distanciou muito da Idade Média. Que pesquisa de campo, que nada. O melhor termômetro da podridão humana é o BBB!"

Sem mais por agora e, em se tratando de Rede Globo não mais, digo 'até logo' a todos... Dando somente um leve conselho a quem melhor se encaixa esse texto delicado: à Pedro Bial - pense na hora de escrever, nas consequências das palavras e de que elas se compõem - por atos de dimensões incalculáveis. E a tia Maricotinha sempre me dizia: "menino, esse mundo ainda há de mudar"... Que medo de pensar que não!

Beijos no coração!
Rafael Martins (Fael para quem é de casa...)

Para mais relacionado nesse texto, leiam:
1) Matéria de Nany People em 'O Fuxico', com brilhante conclusão sobre o assunto "hipocrisia social": Nany People repudia declarações hipócritas sobre Ricky Martin
2) Exemplo de famosos que sairam do armário: Famosos declaradamente falam de suas vidas pessoais
3) O que funcionou e o que não funcionou no BBB10: Final do BBB 10 - Comentários
4) Crítica de Jean Wyllys em seu website pessoal (reproduzida logo abaixo, extraída de BLOG Entre Garotos - Grupo Arco-Íris)

Autoridade dourada e fascista
O sucesso do gaúcho Marcelo Dourado junto às audiências do BBB10 levanta um problema fundamental da vida humana: o desejo - às vezes inconsciente – da maioria por autoridades perversas. A autoridade perversa é, segundo a psicanálise, aquela inevitavelmente masculina, narcisista, pesada, auto-interessada, arbitrária e, quase sempre, tirânica. E esse tipo de autoridade tem um apelo misterioso junto às massas.
(FONTE: Jean Wyllys | http://bloglog.globo.com/jeanwyllys/ | 08/03/2010)

março 27, 2010

Um anjo poderá descansar em paz a partir de agora: descanse, anjo Isabella, em paz...

Dia 27/03/2010... Um dia de justiça, será?

Bem, quando pensamos que um pai nunca agiria contra um filho é aqui que devemos ponderar: vivemos onde, na Terra do Nunca?
Na data de hoje, teve desfecho (pelo menos, ao que tudo indica) o episódio da morte da menina Isabella Nardoni, morta aos seis anos de idade pelo próprio pai, Alexandre Nardoni e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá. Os dois foram finalmente condenados pelo homicídio e por fraude processual, resultando em penas de 31 e 27 anos de reclusão. Mas será que isso é suficiente?

E a mãe desse anjo? O que fazem dela agora? Trazem a menina da morte à vida de novo e devolvem a alegria aos olhos de uma mãe que teve amputado o seu direito de amar e criar uma filha? Não! Infelizmente, não!

Só nos resta agora poder contemplar o que restou: a felicidade de seis anos de vida de um anjo, uma princesinha linda que, enquanto esteve entre nós (brasileiros), pode alegrar todos os dias o coração de sua mãe e rezar (orar, fazer qualquer manifestação religiosa) para que ela sempre esteja em paz... Ao lado dos anjos, como ela... Anjinhos travessos e zelosos, assim como Isabella e o menino João Helio e tantos outros, para que sempre guiem os passos dessa nossa humanidade perdida, corrompida e suja. Para que possam nos cuidar e amar, como não fazemos uns aos outros de verdade...

Descanse em paz, anjinho... Descanse em paz!


Uma imagem para contemplar, logo abaixo!
Bom fim de semana a todos...
Rafael
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Isabella de Oliveira Nardoni 
(São Paulo, 18 de abril de 2002 - 29 de março de 2008)